Os movimentos migratórios que aconteceram no Brasil, desde a sua formação socioterritorial e acentuados após o século XIX, mudaram a organização populacional nas cidades, transformando a sua dinâmica, estrutura e morfologia. Em Montes Claros/MG, o processo de urbanização da cidade a partir da industrialização viabilizado por incentivos governamentais ocasionou um deslocamento populacional do núcleo central para as periferias, notadamente após a década de 1970, transformando o espaço urbano. Considerando tais transformações, esse artigo analisa o patrimônio histórico material que compõe o centro antigo da cidade, identifica e cataloga as edificações de acordo com a classificação presente na legislação de proteção, Inventário e/ou Tombamento procedendo com o mapeamento através do software de geotecnologia ArcGIS. A aplicação das técnicas de geoprocessamento foi fundamental para a análise e compreensão da história da memória da cidade. Constatou-se uma mudança significativa acerca das edificações históricas verificadas, sendo muitas substituídas por novas construções dotadas de novos usos, sobretudo comercial. Observou-se que algumas edificações históricas foram tombadas, recuperadas e destinadas a novos usos de caráter cultural, como o casarão da antiga Faculdade de Filosofia (FAFIL), que hoje abriga o Museu Regional. Todavia, outras edificações de valor arquitetônico e histórico não possuem tombamento, mas, registra-se aqui que tal processo é de grande importância para a cidade.

Compreender as diferentes linguagens utilizadas pelos meios de comunicação de massa é uma questão importante para a Geografia Escolar. Categorias-chave do pensamento geográfico – entre elas, território, paisagem e espaço – estão constantemente presentes em noticiários, filmes, documentários, seriados e programas de entretenimento de maneira geral. No entanto, a influência do discurso midiático no processo de ensino-aprendizagem em Geografia na educação básica ainda é pouco mencionada em trabalhos acadêmicos. Nesse sentido, o presente artigo apresenta uma reflexão sobre as relações entre discurso midiático e processo de ensino-aprendizagem em Geografia na educação básica. Por se tratar de uma investigação de caráter crítico-descritivo, os recursos metodológicos da análise aqui desenvolvida consistiram em levantamento bibliográfico pertinente e na revisão da literatura. Para tanto, recorremos às obras de autores que realizam pesquisas sobre a visão do discurso midiático na Geografia Escolar como Vicente de Paula Leão, Iara Vieira Guimarães e Nidia Pontuschka. A partir das leituras realizadas, contatamos que a incorporação do material midiático em sala de aula não deve ser feita como mero recurso didático complementar, de caráter ilustrativo, mas como objeto de estudo a ser sistematizado em seu conteúdo discursivo. Portanto, cabe ao educador promover a ressignificação do discurso midiático em sala de aula e orientar seus alunos no gerenciamento das informações que estão disponíveis nos principais veículos de comunicação.

Com o significativo crescimento da geração de energia elétrica no território norte-riograndense, a atividade eólica configura-se como um elemento propulsor de modificações nas bases territoriais dos municípios potiguares geradores de energia, entre eles João Câmara/RN. A partir desse contexto, o presente artigo tem como objetivo analisar a influência da atividade eólica na conjuntura socioeconômica de João Câmara/RN, destacando as mudanças nos perímetros urbano e rural. Para tanto, a pesquisa caracteriza-se de natureza qualitativa com procedimentos metodológicos que possuem caráter documental e estudo de campo. Foram enfatizados o setor eólico situado em João Câmara (energia produzida, número de parques eólicos e aerogeradores em operação e empresas atuantes), variáveis econômicas (emprego, questão fundiária, arrecadação de impostos e atuação empresarial) e sociais (ações desenvolvidas nas porções rurais onde se localizam os parques eólicos). A partir disso, constatou-se que as mudanças socioeconômicas advindas por meio da atividade eólica no território de João Câmara são pouco expressivas e visivelmente concentradas. No meio urbano o beneficiamento econômico do comércio, crescimento da arrecadação de impostos e aumento da valorização fundiária, e no meio rural o beneficiamento social limitado às medidas compensatórias executadas pelas empresas juntamente com a gestão municipal, não caracterizando o desenvolvimento socioeconômico exaltado no discurso que sustenta a atividade eólica.

O rio Negro antes da confluência com o rio Amazonas apresenta um complexo sistema de ilhas, canais e lagos interconectados à planície de inundação, conhecido como Arquipélago de Anavilhanas. Este estudo teve como objetivo analisar a morfodinâmica dos lagos situados no interior das ilhas de Anavilhanas. Imagens dos satélites Sentinel-1 e Landsat-5 foram utilizadas para mapear as unidades fluviais de Anavilhanas e estimar o comprimento, área, perímetro, largura e forma dos lagos. Dados de batimetria, de granulometria e concentração de sedimentos suspensos coletados no maior lago de Anavilhanas são apresentados. Através da classificação de imagens do Sentinel-1 foi detectada uma superfície de água que variou de 340 a 390 km2 no ano hidrológico de 2017. O Complexo fluvial de Anavilhanas possui uma superfície de 2000 km2 dos quais 20% desta área é ocupada por mais de 300 lagos de forma alongada e estreita, com tamanho variando de 0,01 a 59 km2, onde 63% são menores que 0,53 km2. A dinâmica hidrológica anual do rio Negro ocasiona pouca mudança na superfície de água no ambiente lacustre de Anavilhanas, com variação de 15% na área ocupada pelos lagos entre o período de cheia e de seca. O maior lago de Anavilhanas (lago Apacú) apresenta média anual da concentração de sedimentos suspensos de 4,15 mg L-1, composto de partículas finas (D50 0,02 mm). Este trabalho apresenta para a comunidade científica um detalhado levantamento morfométrico dos lagos de Anavilhanas e uma análise de suas características locais com relação ao estilo geomorfológico do baixo rio Negro.

A Região Metropolitana do Cariri (RM Cariri) está localizada no extremo sul do estado do Ceará e, atualmente, é constituída por nove municípios. A região apresenta um contexto de crescimento econômico e demográfico elevado, especialmente, nos principais municípios que a compõem. O objetivo desta pesquisa é analisar o viés da sustentabilidade na RM Cariri a partir da percepção dos gestores municipais e do aparato legal-institucional de interação entre as questões urbanas e ambientais. A percepção sobre a noção de cidades sustentáveis por parte dos prefeitos dos munícipios integrantes da RM Cariri foi obtida por meio de entrevistas semiestruturadas com posterior análise do discurso, enquanto o aparato legalinstitucional foi obtido através de dados secundários. A RM Cariri apresenta poucas medidas e ações que podem ser enquadradas como sustentáveis e, por conseguinte, estejam relacionadas às dimensões e características de Cidades Sustentáveis. Nem mesmo questões simples como a elaboração do Plano Diretor Participativo são unanimidade nesse arranjo. Notou-se, a partir da análise da percepção dos prefeitos municipais, que, muitas vezes, a visão desses atores sobre a noção de cidades sustentáveis limitou-se à uma das dimensões da sustentabilidade – geralmente, a econômica. Portanto, há uma visão distorcida e limitada do que é sustentabilidade, o que faz com a dimensão econômica continue a ser priorizada e ocorra um afastamento da noção de cidades sustentáveis. Reforça-se assim, a continuidade da busca por ambientes com bons índices econômicos, mas com situação social e ambiental insustentável que trarão prejuízos mais evidentes para as futuras gerações.

Esse trabalho insere-se no debate em torno da constituição do território e da política de atenção à saúde da mulher, expressando conquistas e desafios nas relações materiais, políticas, econômicas e de poder, projetadas no espaço. A partir da Constituição Federal de 1988, o território brasileiro teve um novo reordenamento, a exemplo, o direito à saúde de todos os cidadãos, com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). Este trabalho objetiva revisitar as evidências científicas no estabelecimento do diálogo entre territórios e política pública de atenção à saúde da mulher. Trata-se de um estudo descritivo-exploratório com abordagem qualitativa. Os resultados, de um lado, indicam que o território é formulado por diferentes categorias em conjunto com as demais forças vivas da sociedade, respondem aos interesses da governança e ao engajamento dos agentes socais. Por outro lado, a condução da política de atenção à saúde da mulher representa avanços e conquistas no cenário nacional. Conclui-se, que as análises das diretrizes e da integralidade da política de atenção à saúde da mulher, mostra os arranjos constitucionais e a luta no campo territorial que, por sua vez, conferiram materialidade e ampliaram a promoção de mudanças na sociedade e, consequentemente, reflexos positivos para a qualidade de vida da população feminina.

Ao considerar que a ciência geográfica é dinâmica, a sua discussão é latente em todas as esferas, dentre elas, a Geografia Escolar. Dentro dessa perspectiva, o objetivo deste manuscrito é apresentar um relato de experiências nas aulas de geografia do ensino básico, tendo como base a utilização de metodologias ativas. O percurso metodológico perpassa incialmente pela construção de um referencial bibliográfico pautado em autores como, Zabala (1998), Cavalcanti (2002), Paulo Freire (1987), entre outros quem subsidiaram o debate sobre o ensino de geografia e a prática educativa do docente desta disciplina. Posteriormente é feita a explanação de uma experiência das aulas de geografia no 9º ano do ensino fundamental II, que vai corroborar com a relevância das inovações metodológicas no processo de ensinoaprendizagem na disciplina de geografia, para formação de cidadãos críticos na sociedade contemporânea.

A classificação das regiões brasileiras se dá de forma a considerar aspectos tais como sua história, condições geoambientais e particularidades culturais. O presente estudo tem, por objetivo, demonstrar que não apenas fatores climáticos são responsáveis pelo atraso no desenvolvimento do semiárido nordestino, mas todo um conjunto de fatores culturais que estão atrelados à história, à sociedade e à economia deste território. Utilizamos, para tal, uma abordagem bibliográfica com vistas a aprofundar o conhecimento e a interpretação das ações dos diversos sujeitos que contribuem para o delinear do espaço do Nordeste brasileiro e do semiárido nordestino, bem como sua ocupação, permanência e convivência. Dessa forma, aborda-se aqui, um olhar crítico acerca da realidade do semiárido nordestino, onde dialogamos com a seca e sua relação com questões sociais, em especial, frente ao contexto histórico da região, onde pudemos destacar que o gerenciamento das condições ambientais é o principal ator da realidade que se vive hoje no nordeste brasileiro.

O Programa Residência Pedagógica, enquanto Política Nacional de Formação de Professores à Educação Básica no Brasil, é um programa da CAPES, que visa inserir os licenciandos no ambiente escolar na metade do processo formativo, de modo a contribuir com a experiência da prática docente dos futuros professores. Este trabalho tem como objetivo investigar como se deu a atuação e a experiência dos residentes do subprojeto de Geografia, em sua primeira edição, da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), em três escolas-campo dos municípios cearenses de Sobral e Massapê. A pesquisa, de natureza descritivo-interpretativista, e de abordagem qualiquantitativa, tomou como instrumento de pesquisa um formulário respondido pelos residentes que passaram pela experiência do programa e, cujas respostas mostram como o mesmo contribuiu com a formação profissional dos professores em formação.